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“Sempre gostei de ser diferente”, Jimmy Dludlu

Vencedor do Melhor Jazz de África no AFRIMA e Melhor Canção no Ngoma Moçambique
Já se disse muito sobre Jimmy Dludlu e sobre o seu último álbum, mas, cá entre nós, há uma pergunta que não se cala: o que faz de “Ha deva” uma música singular? A resposta não tardou... num canto do palco da Gala do Ngoma Moçambique, em exclusivo ao “O País”, o guitarrista disse, curiosamente, não saber o que faz daquela música única, mas “uma das coisas que sempre gostei é ser diferente”, rematou, já sem modéstias. Ainda na sua locução, Jimmy Dludlu disse que sempre advertiu aos músicos com quem cruza pelo mundo a pautar pela investigação, porque, afinal, a música é ciência tal como a matemática ou outra qualquer. “Eu investi muito tempo naquela música e investi muito na minha alma. Eu acho que a música em si é diferente, pois aquele toque de moçambicanidade é novo a nível mundial. As pessoas conhecem a música sul-africana, de Mali e Senegal, mas desconhecem a música moçambicana. Então, eu decidi buscar o grande poeta do século XXI, na minha opinião, o velho Machavele, para mostrar, assim, a nossa identidade (e cultura) ao mundo”, justificou, dessa forma, o facto da música ter sido eleita o Melhor Jazz de África no AFRIMA e Melhor Canção no Ngoma Moçambique.
A distinção do AFRIMA mereceu-lhe um contrato de uma agência americana para os próximos dois anos, como se não bastasse, já tem um espectáculo marcado para Nigéria, dentre outras realizações.
Quem conhece Jimmy vê, mesmo de longe, a simplicidade e a humildade que lhe caracterizam. Quando anda pela rua, com sorriso estampado no rosto e disponibilidade para cumprimentar e tirar fotografias com quem quer que seja, não parece ter 33 anos de carreira e autor de nove trabalhos discográficos, todos com alguma premiação pelo mundo, frise-se.
Em relação ao seu carácter, o músico disse ser fruto da educação que a sua família sempre investiu. Não reduziu os milagres daquela educação adquirida na escola, mas as ruas de Chamanculo, a sua (doce) mãe e a cultura chope ensinaram-lhe muito mais: “por bem ou por mal, tens que saber conviver com as pessoas, respeitar e perdoar quem, porventura, tenha feito mal”.
Não faltou um conselho aos músicos jovens moçambicanos, afinal, Jimmy é também professor de música na Escola de Comunicação de Artes da Universidade Eduardo Mondlane: “vamos investir no nosso tempo, no trabalho e no dom que Deus nos deu. Há muita gente que perde tempo a fazer coisas que não podia; devíamos investir esse tempo nas nossas carreiras”, recordou, assim, uma das lições do seu pai.
“Eu prefiro estar em casa a ensaiar de manhã até a noite e, por vezes, acordo meia-noite e ensaio até amanhecer ou a criar músicas. A música salvou a minha vida, ela é tudo para mim”, declarou.

O soldador doado à música, por medo de perder os seus dedos mágicos, diz que ainda não pensa em novas criações pois, “In the groove” precisa ser apresentado ao mundo.

Fonte: Jornal O Pais

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